"Homens imprudentemente poéticos" é o livro mais lindo de Valter Hugo Mãe que li até agora... é mágico, uma prosa poética, um texto rico de imagens, bordado com palavras.
"Ela sabia apenas da beleza das palavras porque era com elas que se explicava o mundo."
Assim como a personagem cega Matsu, Hugo Mãe é um "cuidador de palavras" e nos conta de um Japão mítico, transcendental, onde claridade e escuridão, vida e morte são faces da mesma realidade, a das ideias imprudentemente poéticas...
"E cada pássaro seria gigante como um milhão de meninas juntas. Porque cada pássaro teria a medida de uma ideia. As ideias, irmã, são de extremidades indefinidas, a cada instante se expandem".
Ideias e sentimentos dão sentido às nossas existências...
"Esperaram pelo sono para se mudarem para o dia seguinte. Havia sempre esperança na travessia nocturna. Cada deus revia a criação no quieto da noite. Acender os dias era sempre a possibilidade de uma nova criação. Era importante dormir com esperança."
Esperança ativa, esperar que saibamos ser opositores, que o afeto nos conecte, que sejamos tão propensos ao sorriso como possamos ser, que possamos abraçar nossos medos, que a lua acenda o mundo, que a gentileza nos elucide, que nossos desejos caminhem na direção dos mais belos propósitos, que tenhamos atenção aos detalhes... é o convite de Valter Hugo Mãe.
"Haveria de celebrar a origem do sol e as pessoas e os animais. Ele haveria de embelezar todas as evidências para melhorar a animosidade do mundo. Deixava a pequena taça de sake no pequeno altar de sua casa, entendia que estar com amigos era uma prece. Haveria de melhorar a animosidade do mundo, repensou. Era verdadeiramente o herói que nunca desistiria".
Comentários
Postar um comentário