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Mostrando postagens de 2013

Amor em 5 tempos

Há um tempo fui apresentada a François Ozon, diretor francês de Swimming Pool , mas somente hoje - quase último dia do ano! - decidi ver Amor em Cinco Tempos , no original 5x2 . E que surpresa boa! O filme conta a história de um casal (é outro daqueles que fala do amor de forma enviesada), a partir de 5 recortes, são 5 fases de um romance de 5 anos, contados de trás para frente. A atriz principal, Valeria Bruni Tedeschi, está ótima; contracena com Stéphane Freiss. A trilha sonora é um personagem a mais, são canções italianas que compõem cada momento.  Mas, atenção, se você gosta de comédia romântica, provavelmente não irá gostar desse filme. Por quê? Ora, ele desconstrói as narrativas tradicionais do amor sentimental, é um casal "normal", como eu como você, a história poderia ter sido vivida por qualquer um, tem romance, sexo, traição, (des)encontros, filho, família, (des)acertos e termina em divórcio, cena inicial do filme. Por que não "durou para sempre"? V

O Sonho de Wadjda

Dezembro é um mês de ritmo frenético, a cidade fica agitada, as pessoas entram no modus "compras de Natal" - nada contra o natal, adoro! -, confraternizações, calor, início dos ensaios e festas de Largo, 13º. E eis que, nesse frisson, eu sou forçada a parar por uma inflamação severa do ligamento iliofemoral. Aff! Dor e dor e dor. Antiinflamatório, gelo, repouso!, tylex, infiltração... uma luz no bendito túnel! Hoje consegui ver um filme e resolvi escrever para recomendá-lo. :-) O Sonho de Wadjda , direção de Haifaa Al Mansour, mulher, da Arábia Saudita. O filme conta a estória de uma menina (Waad Mohammed, uma graça!) que não se enquadra na cultura muçulmana, ela usa All Star e recusa o nicabe (o véu que cobre o rosto, revelando, apenas, os olhos), pinta as unhas de esmalte azul, ouve rock n roll e tem um sonho: ter uma bicicleta! Acontece que as meninas, na cultura islâmica, não podem andar de bicicleta, pois é considerado pecado, pode interferir na virgi

Pitty - Na Sua Estante

  Te vejo errando e isso não é pecado B5 Exceto quando faz outra pessoa sangrar D5 Te vejo sonhando e isso dá medo B5 Perdido num mundo que não dá pra entrar D5 Você está saindo da minha vida B5 E parece que vai demorar D5 Se não souber voltar ao menos mande notícias B5 'Cê acha que eu sou louca Mas tudo vai se encaixar A5 Tô aproveitando cada segundo Antes que isso aqui vire uma tragédia G5 A5 E não adianta nem me procurar D5 E B5 Em outros timbres, outros risos G5 A5 Eu estava aqui o tempo todo B5 Só você não viu Solo: E|--------------3-2--------| B|----3-2--3-5------2-3----| G|-------------------------| D|-------------------------| A|-------------------------| E|-------------------------| G5 A5 E não adianta nem me procurar D5 A5/C# B5 Em outros timbres, outros risos G5 A5 Eu estava aqui o tempo todo B5 Só você não viu ( G5 A5 B A5 )

Love Comes To Everyone...

Go do it, Got to go through that door, There's no easy way out at all . . . Still it only takes time 'Til love comes to everyone. For you who it always seems blue It all comes, it never rains But it pours, Still it only takes time . . . 'Til love comes to everyone. There in your heart . . . Something that's never changing; Always a part of . . . Something that's never ageing, That's in your heart . . . It's so true it can happen to you all; there, Knock and it will open wide, And it only takes time 'Til love comes to everyone.

Flores raras

Acho que a crítica é sempre muito exigente com o cinema nacional, não sei se com razão ou sintoma de um complexo de inferioridade, sei lá! Vi Flores Raras e gostei bastante. O filme conta a (es)história da escritora americana Elisabeth Bishop (Miranda Otto)  com a paisagista brasileira Lota de Macedo Soares (Glória Pires), responsável pelo projeto do Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro. Fui apresentada à poetisa há uns 10 anos, trabalhamos na disciplina "Tópicos em Tradução" o poema fantástico One Art , com o qual Bruno Barreto começa e termina o filme, nos mostrando - de maneira simples - o correr da vida da escritora, seu universo e seu fazer poético. One Art The art of losing isn't hard to master; so many things seem filled with the intent to be lost that their loss is no disaster, Lose something every day. Accept the fluster of lost door keys, the hour badly spent. The art of losing isn't hard to master. Then practice losing farther, los

Mortal Loucura - Gregório de Matos

O ser humano sendo sublime e humilde... Poema de Gregório de Matos, musicado por José Miguel Wisnik e interpretado por Caetano Veloso para o musical Onqotô do Grupo Corpo em 2005. No vídeo, quem recita é Bethânia. Mortal loucura Na oração, que desaterra … a terra, Quer Deus que a quem está o cuidado … dado, Pregue que a vida é emprestado … estado, Mistérios mil que desenterra … enterra. Quem não cuida de si, que é terra, … erra, Que o alto Rei, por afamado … amado, É quem lhe assiste ao desvelado … lado, Da morte ao ar não desaferra, … aferra. Quem do mundo a mortal loucura … cura, A vontade de Deus sagrada … agrada Firmar-lhe a vida em atadura … dura. O voz zelosa, que dobrada … brada, Já sei que a flor da formosura, … usura, Será no fim dessa jornada … nada.

Elena - o filme

    http://www.elenafilme.com/ Outro dia, charlando no face, vi um vídeo promocional do documentário chamado Elena . Não fazia ideia do que se tratava. Nunca tinha ouvido falar em Petra Costa, a diretora. A forma como Elena foi apresentada no tal vídeo, no entanto, me fez querer conhecê-la... O documentário é belíssimo, forte - é uma pancada, viu? -, a trilha sonora é linda, as imagens são maravilhosas e a delicadeza com que a história é contada nos toca a alma. Confesso que, após ler a crítica de Eliane Brum sobre o filme, não consigo dizer, acrescentar quase nada. Bom filme! Petra – Uma mulher em busca do próprio corpo Eliane Brum Houve esse primeiro sonho. Elena veste uma blusa de seda e está em cima de um muro alto, enroscada nos fios elétricos. Logo é Petra quem está enroscada. Petra mexe nos fios. Leva um choque, cai do muro alto e morre. Quem morre? Petra acorda desse sonho com um nó no estômago. Elena não acorda. Elena morreu aos 20 anos, em 1990. Petr

A Arte de Perder - Elizabeth Bishop

  UMA ARTE / A arte de perder – até um traste aprende; e há tanta coisa que pretende a perda, que perder não é desastre. Perca todos os dias algo. Afaste a dor de ter perdido a chave, o tempo. Ora, perder aprende até um traste. A prática da perda então se alastre por nomes e lugares, e onde pense viajar. Que nada irá trazer desastre. Perdi o relógio da mamãe; não baste, das casas, a que mais me fez contente. Ora, perder aprende até um traste. Perdi duas cidades. E, em contraste, dois rios, um domínio e continente. Sinto saudades. Mas não foi desastre. – Mesmo perder você (a voz, o gesto que eu amo), tanto faz. Que até um traste aprende a arte de perder, se bem que se pareça (escreva!) com desastre.

"Detachment" e "Ferrugem e Osso"

Vi bons filmes esses dias e quero recomendá-los! ;-) O americano Detachment , cujo nome em português – O Substituto – não faz jus à complexidade do filme. Detachment pode significar “the state of not being influenced by emotion or prejudice”, ou seja, “Desapego” ou “Imparcialidade”? A partir do olhar de um professor substituto em uma escola americana, a temática da indiferença é trazida e perpassa todas as relações. Não se trata de um filme sobre professores e alunos somente, mas sobre seres humanos e suas dificuldades (intra) interpessoais. A direção é de Tony Kaye, o mesmo de “A Outra História Americana” e o protagonista é Adrien Brody (d’ O Pianista) e ainda temos a oportunidade de ver Lucy Liu em um contexto inesperado, preste atenção na cena em que sua personagem, uma psicóloga, se descontrola ao conversar com uma aluna. “E eu nunca me senti tão imerso em uma pessoa ao mesmo tempo em que estou tão desapegado de mim mesmo e tão presente no mundo” Albert Camus

Grande Sertão: Veredas

Fiz Letras. Há (auto)"exigências" para quem se propõe a conhecer o mundo da linguagem... E uma dessas obrigações era conhecer João Guimarães Rosa - o mágico das palavras. Aluguei (sim, quando iniciei a graduação, descobri uma locadora de livros - um paraíso - se alugasse 3 livros por vez tinha desconto!) "Grande Sertão: Veredas", iniciei a leitura, dura, truncada, língua estrangeira. Abandonei. O tempo passou. A vida passou em mim. Anos depois, já formada, uma amiga trouxe Guimarães Rosa para minha vida novamente. E tanto falou e se emocionou que eu encantada/envergonhada cedi e pedi o livro emprestado. Qual o quê! "O senhor ache e não ache. Tudo é e não é ..." Aquilo vai entrando em você, é igual ler em uma língua estrangeira, no início há distância, mas aí somos absorvidos e o outro vira um. "Eu careço de que o bom seja bom e o rúim ruím, que dum lado esteja o preto e do outro o branco, que o feio fique bem apartado do bonito e a alegria

"E se vivêssemos todos juntos?" e "Amour", sobre o envelhecer, amizade e amor.

No último final de semana do ano, período já marcado por reflexões e revisões de percurso, vi dois filmes incômodos sobre o envelhecer... “E se vivêssemos todos juntos” , no original “ Et si on vivait tous ensemble ?”, co-produção França e Alemanha, roteiro e direção de Stéphane Robelin, e Amour , roteiro e direção do austríaco Michael Haneke, o mesmo de “A Fita Branca”, vencedor do Festival de Cannes 2012, com Emmanuelle Riva e Jean-Louis Trintignant.  Trailler legendado de "E se vivêssemos todos juntos" Os dias passaram e não consegui não escrever sobre o assunto... o filme de Robelin traz um grupo de amigos que resolvem morar na mesma casa, de modo que possam apoiar-se mutuamente em seu processo de envelhecimento – aborda a fragilidade, a dependência, as limitações, o adoecer -, no entanto, é mais suave, aponta sem ferir. Trailer legendado de Amour Já Amour é “baço.com”, silencioso, ritmo lento, 123 minutos de duração em que não se consegue