Pular para o conteúdo principal

Flores raras



Acho que a crítica é sempre muito exigente com o cinema nacional, não sei se com razão ou sintoma de um complexo de inferioridade, sei lá!

Vi Flores Raras e gostei bastante. O filme conta a (es)história da escritora americana Elisabeth Bishop (Miranda Otto)  com a paisagista brasileira Lota de Macedo Soares (Glória Pires), responsável pelo projeto do Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro.

Fui apresentada à poetisa há uns 10 anos, trabalhamos na disciplina "Tópicos em Tradução" o poema fantástico One Art, com o qual Bruno Barreto começa e termina o filme, nos mostrando - de maneira simples - o correr da vida da escritora, seu universo e seu fazer poético.

One Art

The art of losing isn't hard to master;
so many things seem filled with the intent
to be lost that their loss is no disaster,

Lose something every day. Accept the fluster
of lost door keys, the hour badly spent.
The art of losing isn't hard to master.

Then practice losing farther, losing faster:
places, and names, and where it was you meant
to travel. None of these will bring disaster.

I lost my mother's watch. And look! my last, or
next-to-last, of three loved houses went.
The art of losing isn't hard to master.

I lost two cities, lovely ones. And, vaster,
some realms I owned, two rivers, a continent.
I miss them, but it wasn't a disaster.

- Even losing you (the joking voice, a gesture
I love) I shan't have lied. It's evident
the art of losing's not too hard to master
though it may look like (Write it!) like disaster.

Você ouviu dizer que o casal não funciona, não tem liga? Eu gostei. Há sutileza e erotismo, em uma relação vanguardista para a época. São mulheres fortes e também frágeis, interessantes, intensas, humanas.

Sabe o que não convence? Plateia que não respeita o sagrado espaço da "caixa preta", maculando o silêncio da caverna do cinema com seus comentários, preconceitos, reações que invadem a fantasia do outro... Aff! *.*

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Sadece Sen - Só você (filme legal no Netflix)

Fazia tempo não assistia uma história de amor tão linda quanto a desse filme turco: Sadece Sen (que significa "só você", em português), lançado em 2014. Uma amiga me recomendou e como eu adoro um romance, fui conferir. Está na Netflix. A diretora é Hakan Yonat, também autora do documentário Ecumenópolis: a cidade sem limites , sobre Istambul em um caminho neoliberal destrutivo (mas essa é outra história!). Sadece Sen nos conta de Ali (Ibrahim Çelikkol) e Hazal (Belçim Bilgin), lindos e turcos (rs). Ali é um ex-pugilista, órfão, de olhos tristes, que vive assombrado com o peso de escolhas - e suas consequências - das quais se arrepende. Já Hazal é uma moça primaveril, bonita e cega que trabalha em um call center, mas que também esconde uma escuridão interna, uma culpa que a aprisiona. Os detalhes vão aparecendo ao longo do filme. Eles se conhecem meio que "por acaso" (será que há acasos na vida?); Hazal costumava ir assistir tv com o tio, que era...

Mortal Loucura - Gregório de Matos

O ser humano sendo sublime e humilde... Poema de Gregório de Matos, musicado por José Miguel Wisnik e interpretado por Caetano Veloso para o musical Onqotô do Grupo Corpo em 2005. No vídeo, quem recita é Bethânia. Mortal loucura Na oração, que desaterra … a terra, Quer Deus que a quem está o cuidado … dado, Pregue que a vida é emprestado … estado, Mistérios mil que desenterra … enterra. Quem não cuida de si, que é terra, … erra, Que o alto Rei, por afamado … amado, É quem lhe assiste ao desvelado … lado, Da morte ao ar não desaferra, … aferra. Quem do mundo a mortal loucura … cura, A vontade de Deus sagrada … agrada Firmar-lhe a vida em atadura … dura. O voz zelosa, que dobrada … brada, Já sei que a flor da formosura, … usura, Será no fim dessa jornada … nada.

East Side Sushi ou Sushi a la Mexicana

Não sei vocês, mas eu adoro quando descubro bons filmes no Netflix! 😄 Esses dias, vi um ótimo. É um filme leve e interessante, tipo "sessão da tarde", sabe? Chama-se East Side Sushi ou Sushi a la Mexicana , filme americano que se passa na Califórnia. A direção é de Anthony Lucero, um diretor desconhecido. Trata-se da estória de uma moça, chamada Juana (Diana Elizabeth Torres) - já mãe de uma criança de 6, 7 anos -, imigrante mexicana. Ela faz vários trabalhos secundários, mas como possui talento para a cozinha, resolve tentar a vaga de ajudante em um restaurante japonês, onde vai trabalhar com o sushi chef Aki (Yutaka Takeuchi).   É um filme inspirador, Juana podia se conformar em ser "acima da média" em um restaurante mexicano, mas ela busca melhores condições de vida para sua filha e seu pai e para seu coração e alma... ela busca sonhos, desafios. E essa é um estória simples de superação, de enfrentamento diante das dificuldades, auto-respeito, pe...