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Sadece Sen - Só você (filme legal no Netflix)


Fazia tempo não assistia uma história de amor tão linda quanto a desse filme turco: Sadece Sen (que significa "só você", em português), lançado em 2014. Uma amiga me recomendou e como eu adoro um romance, fui conferir. Está na Netflix. A diretora é Hakan Yonat, também autora do documentário Ecumenópolis: a cidade sem limites, sobre Istambul em um caminho neoliberal destrutivo (mas essa é outra história!).


Sadece Sen nos conta de Ali (Ibrahim Çelikkol) e Hazal (Belçim Bilgin), lindos e turcos (rs). Ali é um ex-pugilista, órfão, de olhos tristes, que vive assombrado com o peso de escolhas - e suas consequências - das quais se arrepende. Já Hazal é uma moça primaveril, bonita e cega que trabalha em um call center, mas que também esconde uma escuridão interna, uma culpa que a aprisiona. Os detalhes vão aparecendo ao longo do filme.

Eles se conhecem meio que "por acaso" (será que há acasos na vida?); Hazal costumava ir assistir tv com o tio, que era vigia de um estacionamento noturno, atual emprego de Ali. Igual a uma plantinha quando recebe amor e cuidado, a relação deles vai desabrochando, ganhando cor, vida. A metáfora pode ser simplória, mas é exatamente isso. A delicadeza de Hazal conquista Ali e a bondade dele - que ela reconhece em sua voz - ganha o coração dela. E há cenas e enquadramentos tão bonitos... e uma trilha sonora que ajuda a compor a beleza desse filme (a música tema é de Yildiray Gurgen, vai no spotify conhecê-lo!).


 Em tempos de quarentena por um vírus que assola a humanidade e nos fez parar, nos recolher e olhar para nossa rotina, nossos amigos, família, nosso eu mais profundo, fica a provocação de Hazal - vocês olham sem ver -, quais as cores das flores que estavam em seu caminho, quantos tons de azul tem o céu. Será que precisamos do contraste para enxergar o precioso na vida? É necessário perder algo para dar-se conta de sua importância? Ficar cego para valorizar cada matiz? Ver-se isolado do convívio com as pessoas para percebê-las?

Parodiando o jornalista Leonardo Sakamoto, sim, falta interpretação de texto no mundo, mas falta muito amor também! 

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