Acompanho as colunas da escritora jornalista Eliane Brum e fico encantada como ela consegue dizer o meu não-dito. Ela fala de questões do dia-a-dia, como a diminuição da maioridade penal ou sobre a cibercultura, comenta sobre documentários (leia aqui sua crítica sobre o documentário Elena), ao mesmo tempo em que aborda temas delicados e íntimos, como o envelhecer e a homossexualidade. Ela é brilhante!
Nunca tinha lido nenhum dos seus livros, então, charlando outro dia na Cultura, resolvi comprar seu lançamento: Meus desacontecimentos: a história da minha vida com as palavras. É autobiográfico. Ao percorrer as páginas, vamos acessando recantos, mistérios da autora. De forma delicada, Eliane Brum vai se mostrando, compartilhando conosco da sua infância e de como essas primeiras histórias a transformaram em quem ela é hoje, ou melhor, como nossas histórias vão nos tecendo dia a dia, indefinidamente.
"Só Lili sabia que os livros não eram objetos, mas portais. Quando ela se foi, os livros fecharam-se. Viraram mercadorias. Aprendi ali que ninguém é substituível. Alguns se tornam substituíveis ao se deixar reduzir a apertador de parafusos da máquina do mundo. Alienam-se do seu mistério, esquecem-se de que cada um é arranjo único e irrepetível na vastidão do universo. Quando a alma estala fingem não saber de onde vem a dor, então engolem a última droga da indústria farmacêutica para silenciar suas porções ainda vivas. Teriam mais chance se ousassem se apropriar de sua singularidade. E se tornassem o que são. Para se perder logo adiante e se buscar mais uma vez, já que ser é também a experiência de não ser.".
Quem quiser conhecê-la mais, recomendo algumas crônicas! ;-)
Pela ampliação da maioridade moral
Me chamem de velha
Elas não são gays
É urgente recuperar o sentido de urgência
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