Pular para o conteúdo principal

Hoje eu (não) quero voltar sozinho


O longa brasileiro Hoje eu quero voltar sozinho, premiado no Festival de Berlim, é uma graça de filme! Direção de Daniel Ribeiro. Os atores principais são o Guilherme Lobo, que interpreta Leonardo (não, ele não é cego de verdade!), a Tess Amorim, a Giovana, melhor amiga de Leonardo, e o Fabio Audi, que faz Gabriel, o menino dos cachinhos.

Veja essa entrevista curtinha com os meninos:


Esse delicado filme nos conta sobre as descobertas da adolescência, o primeiro amor, o primeiro beijo (Acredito que o primeiro beijo sempre - e em qualquer tempo - irá causar frio na barriga e alguma taquicardia...rs). Acontece que a estória se passa em um contexto especial, o protagonista é um rapaz cego de nascimento. O filme, então, pincela a questão da inclusão, como é estar inserido em uma sociedade voltada para os que enxergam, a relação com os pais e colegas de escola.

Na minha opinião, no entanto, o mérito maior da película é abordar com sutileza - cenas delicadas, trilha sonora, diálogos, detalhes - a descoberta da sexualidade homoafetiva. Quando se é adolescente tudo é novo e desafiador, queremos estar inseridos em um grupo, necessitamos ser aceitos. Imagine, então, a dificuldade em se perceber atraído por alguém do mesmo sexo em tempos de homofobia, intolerância e falta de respeito.

O filme traz uma temática polêmica, mas sem peso, com inocência e poesia nos aproximamos de Leonardo e Gabriel e, sem percebermos, estamos sorrindo e torcendo pelos meninos. Você precisa assistir! :-) O filme é lindo. Prestigie o cinema brasileiro e se dê a oportunidade de emocionar-se com o poder da arte.

Se quiser ver a letra e a tradução da música tema do filme, There's too much love, de Belle & Sebastian, clique aqui.



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Sadece Sen - Só você (filme legal no Netflix)

Fazia tempo não assistia uma história de amor tão linda quanto a desse filme turco: Sadece Sen (que significa "só você", em português), lançado em 2014. Uma amiga me recomendou e como eu adoro um romance, fui conferir. Está na Netflix. A diretora é Hakan Yonat, também autora do documentário Ecumenópolis: a cidade sem limites , sobre Istambul em um caminho neoliberal destrutivo (mas essa é outra história!). Sadece Sen nos conta de Ali (Ibrahim Çelikkol) e Hazal (Belçim Bilgin), lindos e turcos (rs). Ali é um ex-pugilista, órfão, de olhos tristes, que vive assombrado com o peso de escolhas - e suas consequências - das quais se arrepende. Já Hazal é uma moça primaveril, bonita e cega que trabalha em um call center, mas que também esconde uma escuridão interna, uma culpa que a aprisiona. Os detalhes vão aparecendo ao longo do filme. Eles se conhecem meio que "por acaso" (será que há acasos na vida?); Hazal costumava ir assistir tv com o tio, que era...

Mortal Loucura - Gregório de Matos

O ser humano sendo sublime e humilde... Poema de Gregório de Matos, musicado por José Miguel Wisnik e interpretado por Caetano Veloso para o musical Onqotô do Grupo Corpo em 2005. No vídeo, quem recita é Bethânia. Mortal loucura Na oração, que desaterra … a terra, Quer Deus que a quem está o cuidado … dado, Pregue que a vida é emprestado … estado, Mistérios mil que desenterra … enterra. Quem não cuida de si, que é terra, … erra, Que o alto Rei, por afamado … amado, É quem lhe assiste ao desvelado … lado, Da morte ao ar não desaferra, … aferra. Quem do mundo a mortal loucura … cura, A vontade de Deus sagrada … agrada Firmar-lhe a vida em atadura … dura. O voz zelosa, que dobrada … brada, Já sei que a flor da formosura, … usura, Será no fim dessa jornada … nada.

Geraldinos e Arquibaldos

Sempre falo que a Arte encanta, transcende, sacode as nossas convicções, torna os dias mais leves e interessantes. A música, por exemplo, tem o poder de nos emocionar instantaneamente! Uma melodia nos atravessa... faz rir ou chorar ou dançar, somos afetados. " Geraldinos e Arquibaldos " é uma dessas canções poderosas - de Gonzaguinha não podia ser diferente! - que sacodem a alma e agitam o corpo. Na interpretação da banda Chicas ganhou vida nova: E olha que interessante a história da música: " geraldinos e arquibaldos é uma expressão de fácil entendimento para aqueles que freqüentaram o Maracanã até a sua reforma no ano de 2005. A clássica separação entre arquibancada e geral era um dos charmes daquele que desde o início de sua existência possui a alcunha de “maior do mundo”. Muito anterior ao surgimento da coluna no Jornal dos Sports, a denominação “geraldinos e arquibaldos” nasceu em meio a tantos pensamentos geniais de Nelson Rodrigues. Considerando...