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Atravessando a Fronteira do Oi


Nessa crônica, a poderosa fala sobre seu sentimento ao viajar... ela consegue externar exatamente o que sinto e não consigo dizer assim. Viajar é isso mesmo, é você poder usar diversas máscaras, interpretando versões distintas de você mesmo e perceber, ao retornar, que, de fato, um pouco de cada personagem ficou grudado em você. É mágico.



[...] O nosso caso é outro: somos um exemplo de como uma cidade estrangeira pode anular cerimônias e estranhamentos. Na cidade da gente, nos agarramos aos nossos hábitos e aos nossos vínculos. Estando fora, viramos uns desgarrados  e naturalmente nos abrimos para conhecer novas culturas, novos costumes e novas pessoas, mesmo pessoas que já poderíamos ter conhecido há mais tempo – mas que não víamos necessidade.


Viajando, ficamos mais propícios ao risco e à experimentação. Encaramos bacon no café da manhã, passeamos na chuva, vamos ao super de bicicleta, dormimos na grama, comemos carne de cobra, dirigimos do lado direito do carro, usamos banheiro público, fazemos confidências a quem nunca vimos antes. O passaporte nos libera não só para a entrada em outro país, como também para a entrada em outro estilo de vida, muito mais solto do que quando estamos em casa, na nossa rotina repetitiva.

[...] Eu teria uma dúzia de razões para explicar por que gosto tanto de viajar, mas por hoje fico apenas com esta: pela alegria de viver e pela falta de frescura.

Martha Medeiros 

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