Acabei de assistir "Arrival", traduzido como "A Chegada", direção de Denis Villeneuve e roteiro de Eric Heisserer e Ted Chiang. Penso que uma frase, dita no início do filme, talvez resuma meu sentimento em relação a essa história, "a linguagem é o alicerce da civilização, é a cola que une as pessoas, é a primeira arma sacada em um conflito", ao que o matemático Ian Donnelly (Jeremy Renner) retruca, dizendo à linguista Dra. Louise Banks (Amy Adams), que ela está errada e é a ciência a base de tudo.
O filme "A Chegada" conta a história de uma aparente invasão de seres extra-terrestres em países distribuídos em todo o mundo, como China, Rússia, Estados Unidos, Venezuela, França, Paquistão, Sibéria etc., são 12 lugares, 12 povos com seu próprio idioma e história - diferentes entre si, portanto -, tentando entrar em contato com os alienígenas com o intuito de descobrir suas intenções na Terra.
O que me fez recordar uma fala da psicóloga e filósofa e poetisa Viviane Mosé sobre o conceito de palavra:
Revelação
Viviane Mosé
Eu queria dizer uma coisa que eu não posso sair dizendo por aí.
É um segredo que eu guardo, é uma revelação
Que eu não posso sair dizendo por aí.
É que eu tenho medo de que as pessoas se desequilibrem delas mesmas.
Que elas caiam quando eu disser.
É que eu descobri que a palavra não sabe o que diz.
A palavra delira. A palavra diz qualquer coisa.
A verdade é que a palavra, ela mesma, em si própria, não diz nada.
Quem diz é o acordo estabelecido entre quem fala e quem ouve.
Quando existe acordo existe comunicação,
Mas quando esse acordo se quebra ninguém diz mais nada,
Mesmo usando as mesmas palavras.
Que eu não posso sair dizendo por aí.
É que eu tenho medo de que as pessoas se desequilibrem delas mesmas.
Que elas caiam quando eu disser.
É que eu descobri que a palavra não sabe o que diz.
A palavra delira. A palavra diz qualquer coisa.
A verdade é que a palavra, ela mesma, em si própria, não diz nada.
Quem diz é o acordo estabelecido entre quem fala e quem ouve.
Quando existe acordo existe comunicação,
Mas quando esse acordo se quebra ninguém diz mais nada,
Mesmo usando as mesmas palavras.
O processo de construção de algum tipo de comunicação entre os humanos e os "ETs" heptapods me despertou o mesmo sentimento de encantamento do tempo de faculdade, quando o mistério da aquisição de uma língua me fascinou, levando-me a aprofundar um pouco mais na Línguística Aplicada. Aprender uma nova língua, um novo código é assimilar uma maneira também única de significar a vida, a percepção do tempo, a lógica (não) linear entre passado, presente e futuro.
Enxergamos as coisas do mundo e criamos expectativas e pré-conceitos a partir do nosso ponto de vista e essa visão da realidade - uma perspectiva sempre parcial - é construída a partir da linguagem. Todo o nosso estar, o nosso existir envolve a relação entre significado e significante, a imagem e o conceito. Assim nos reconhecemos como um povo, uma espécie.
A ideia do filme de que o outro desconhecido não necessariamente é um inimigo (não é spoiler! Estou apenas divagando.rs) e que os povos precisam se comunicar entre si, unificando-se em sua humanidade, para compreender o estranho, é linda, é um ideal de fraternidade emocionante. Quanto ruído existe entre nós? Quantas vezes, por não compreender, eu projeto as piores intenções no outro, meu colega, meu vizinho?
Adorei a trilha sonora, uma parte fundamental do filme!! Quando vi o elenco de assistir A Chegada dublado imaginei que seria um grande filme li que o diretor é Denis Villeneuve, um dos mais talentosos de Hollywood. O filme superou as minhas expectativas, realmente o recomendo. De todos os filmes que estrearam o ano passado, este foi o meu preferido.
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